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domingo, 3 de julho de 2011

Meu pai...


Essa semana eu recebi um depoimento no orkut de uma menina que estudou comigo na faculdade, nunca fomos tão próximas, mas, assim como a ligação da Bela, uma grande amiga de infância que fazia uns meses que não via, me deixou completamente emocionada (chorando mesmo) pelo carinho do gesto, da atenção, essas palavrinhas também me deixaram, além de muito feliz, bastante emocionada. Explico: o amor daquele que nos amam já não é novidade para nós, mas a manifestação de carinho, quando parte de onde menos esperamos, nos faz ver que, de alguma forma, plantamos alguma sementinha por onde passamos! Fiquei feliz mesmo...
Ela me felicitou pela chegada de Manuela, disse que viu minhas fotos e me achou ainda mais bonita grávida e também me parabenizou pela coragem de assumir com tanto amor a maternidade da minha filha, sem a presença do pai dela, trzendo como exemplo a sua criação, também sem pai, e da mágoa que sente por ele, por conta disso.
Suas palavras movimentaram em mim uma série de lembranças e me fizeram, em pouco tempo, fazer uma retrospectiva da minha história, da minha vida, das coisas pelas quais passei para chegar até aqui, no dia em que serei eu a mamãe... Eu lembrei muito do meu pai...
Eu tenho poucas recordações sobre ele, mas nunca esqueço do vazio que a sua ausência sempre deixou em mim, da cadeira cativa que um pai deixa na vida de um filho, sem que qualquer pessoa possa ocupar, substituir!
Minha mãe sempre foi mais que uma mãe, mas o fato dela se desdobrar para exercer um papel que ia além de sua responsabilidade não podia, por força natural da vida, fazer dela um pai (apesar de tanta gente achar que em algum momento foi pai e mãe na vida de alguém, isso é apenas ilusão). Minha avó foi maravilhosa e também, sem dúvida, foi muito além dos limites de uma avó convencional, tornou-se uma espécie de pedra preciosa, amuleto da sorte, que só de a gente ter nas mãos a vida parece que acontece de uma forma mais segura... Mas ela também não pôde ser o meu pai!
O fato era simples: meu pai - como muitos pais -  existia, mas, por suas inúmeras razões, ou nenhuma razão, não quis assumir o seu papel diante da vida, diante de mim, diante de suas outras filhas, e preferiu se ausentar acreditando que outras pessoas mais capacitadas e com maior disponibilidade pudessem exercer suas funções de forma mais eficaz.
Talvez ele não soubesse que não há cursos que tornem as pessoas aptas para o exercício da paternidade, que isso a gente só aprende sendo, e, por isso, teve medo de fracassar, nunca se permitindo viver sua obrigação. Ou talvez ele simplesmente não quis, agora não dá mais pra saber.
Só sei que por muito tempo tive raiva dele, me sentia preterida, entre a vida boêmia e eu, o amante da liberdade, obviamente, optou pela primeira opção, e eu fiquei em prejuízo, ou não. A gente nunca sabe, o não saber é a pior coisa que um coração pode carregar consigo.
No final de sua vida, quando eu tinha 14 anos de idade, consigo lembrar bem dos nossos últimos encontros e conversas.
Ele hospitalizado pediu pra que eu fosse visitá-lo, acho que havia 8 anos que eu não o via, e eu fui, disposta a maltratá-lo como eu me senti maltratada pela sua ausência durante aqueles anos todos, eu era uma adolescente birrenta e fui lá no Hospital saber o que ele queria comigo. Eu ensaiei chamá-lo pelo nome e assim o fiz, ele estava debilitado, perguntou como eu estava e disse que eu era linda, que minha mãe e minha avó tinham cuidado muito bem de mim, respondi que sim! A conversa foi pouca, fui embora. Pouco depois de um mês ele estava, ainda doente, na casa de uma irmã, e novamente exigiu minha presença, eu fui, menos ferida, eu acho, já sensibilizada pela sua situação. Ele estava com muita febre e não dizia coisa com coisa, fui embora, chorei muito nesse dia. Na semana seguinte, decidi ir visitá-lo, ele estava menos mal, conversamos um pouco, ele me pediu perdão por todo mal que havia me feito, disse que sempre acreditou que sua presença em minha vida iria prejudicar a educação que eu recebi e que, por isso, preferiu se ausentar. Chorei muito durante essa conversa, disse tudo que eu queria dizer, e com o coração ao avesso, depois de descarregar tanto sentimento condensado, eu o perdoei. No dia seguinte ele faleceu... E meu coração seguiu tranquilo durante todos esses anos... Esses 10 anos!
Mas foi por muito pouco! Quando eu li as palavras magoadas da minha colega, que eu citei no início da postagem, eu lembrei de tudo isso, e tive muita vontade de dizer-lhe que perdoasse o seu pai, pois não sabemos quanto tempo resta para nenhum de nós.
É engraçado que hoje eu carrego muito mais do meu pai do que eu supunha, mesmo não tendo praticamente nenhum contato com ele, aliás, eu só tenho dele uma foto 3x4 surradinha, guardada com carinho em alguma das abas da minha carteira...
A genética, na minha opinião, é uma das coisas mais perfeitas e inacreditáveis, que só um Deus muito amoroso, que sabe de todas as coisas, seria capaz de criar!
A história da minha filha está apenas começando e eu sei que para o sucesso dela, ela dependerá pelo menos 50% de mim. O que me dói é saber que, no restante, eu só vou poder rezar pra que os demais envolvidos tenham consciência de que podem escolher entre o céu e o inferno para a vida dela, em pequenas atitudes e eu não vou poder fazer nada. Por ela eu abro mão de mim, do meu orgulho, daquilo-que-eu-gostaria-de-fazer, pela felicidade dela eu tenho me renunciado por inteiro!


Beijos amores, bom domingo pra vocês!

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pequena Manuela, pode ser que um dia você leia esse meu comentário. Nosso Papai do Céu nos ama tanto que um dia você vai olhar para o céu e vai vê-lo sorrindo pra você! Da mesma forma que um dia em minha infância e o vi sorrindo pra mim. Pois minha infância foi tão sofrida pela presença sarcástico do meu Pai, que doía mais ainda em saber que eu o tinha todos os dias ali ao meu lado mais com o coraçãozinho cheio de medo do que ele poderia fazer mais uma vez me magoando e traumatizando. Procure a Deus sempre! Que Deus te Guarde...Ágape

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  3. Muito, muito emocionada com cada palavra. E foi inevitável não querer contar minha história paterna!
    Posso afirmar que tive o melhor dos pais desse mundo, mas que papai do céu o quis como estrela quando eu ainda tinha 9 anos!
    E lá se foram 20. Como me custou cada um desses 20 anos, cada festa de dia dos pais da escola em que eu inventei uma dor de barriga para não ir a aula morrer de inveja das minhas amigas, todas tão felizes abraçando seus pais!!
    Passei anos escutando Fábio Jr. cantar "PAI" e morrer de chorar... pensando: "PAI, PODE SER QUE DAÍ VOCÊ SINTA... QUALQUER COISA ENTRE ESSES 20 OU 30... LONGOS ANOS EM BUSCA DE PAZ..." e hoje só queria que Júlia tivesse a chance de "BRINCAR DE VOVÔ... NO TAPETE DA SALA DE ESTAR".
    É meu amor, nem tudo são flores. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é! E se Deus te mandou uma doce Manuela, é pq ele sabe do quanto ela precisava de uma mãe como você!
    Parabéns por, apesar de tantos obstáculos e mágoas, nunca perder o sorriso no rosto e a alegria de viver!

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