Minha filha já me mostrou que não se trata de um brinquedinho que eu posso manusear como bem entendo desde muito cedo. É no dia a dia )e não na barriga) que a gente reconhece que nossos filhos são gente, tanto quanto nós. Eu já tinha uma espécie de plano, a gente sonha tanto quando engravida que consegue estabelecer o que vai ser a vida dos nossos filhos até, mais ou menos, seus 21 anos (ou mais um pouquinho). E eu não digo isso nas grandes coisas, mas nas manias pequenas, nos hábitos diários, nas coisas que a gente sempre julga quando olha para os filhos dos outros, batendo no peito (que está bem estufado, a esta altura), dizendo que com nossos filhos as coisas vão ser bem diferentes.
Pois bem. Começo pela bendita chupeta... Eu e minha mãe já tínhamos organizado TUDO: Manuela chuparia chupeta até os 2 anos para termos nosso sosseguinho noturno garantido, só deveríamos esperar ela ter 15 dias de vida, para estar acostumada com o peito e isso não prejudicar a amamentação. Tá... Aí vocês acham que deu em quê?! Pois e... Manuela simplesmente não quis a chupeta, aliás, AS chupetas, já que tentamos convencê-la com todas as modalidades de chupetas existentes no mercado mundial de chupetas! E não só tipos diferentes, mas também todas as artimanhas ensinadas pelas mamães, sejam as mais antigas, sejam as mais jovens: adoçante, mel rosado, Manu com fome, Manu com sono, melado no leite do peito, colocada na posição de mamar... Enfim, T-U-D-O! Adeus sosseguinho noturno, bem vindo chorinho-de-criança-com-sono-que-não-pega-chupeta, tenho que me conformar com sua existência, não tem jeito!
O pior, ou melhor, é que ela fica linda até quando faz uma carinha de nojo quando a gente, vez por outra, ainda tenta oferecer uma chupetinha, com uma sutil esperança de seu humor ter mudado, vê só:
E é assim que a gente vai se convencendo que dentro de cada um desses serzinhos, com caras de indefesos, desde já, existe uma pessoa cheia de personalidade e algumas vontades próprias, coisa que só tende a crescer e temos que saber lidar bem com isso!
Minha filha é muito linda, de verdade e seu sorriso me transmite uma paz tão grande que eu chego a ouvir um sonzinho de harpas tocando, bem no fundo, cada vez que ela me presenteia com um deles. E eu preciso tanto dela, mas tanto, que uma noite ou outra, uma manhã ou outra, eu me pego fazendo uma coisa que eu sempre disse que jamais faria quando tivesse um filho: me agarro com ela e durmo o melhor sono do mundo, nós duas, bem abraçadinhas. Ela jura que depende de mim, mas eu que sou dependente do seu sossego, do seu cheiro bom, da sua paz. Eu dependo desse amor que sinto por ela pra conseguir sobreviver. Manuela deu significado a minha existência.
Ontem foi engraçado... Uma das minhas comadres veio aqui em casa pra visitar a Manu e olhando pra ela perguntou: tu não se cansa, né?! Na hora eu respondi: Claro que canso! Ela morreu de rir com a minha sinceridade. Não adianta eu dizer pra vocês que um filho recém nascido não cansa... Nossa! Cansa muito! É tudo muito novo, é dedicação exclusiva e muita renúncia... Noites mal dormidas, até NÃO dormidas, pra ser mais sincera ainda... Desgaste físico e mental e não é para menos, é uma vida que depende da sua... Mas tudo vale à pena e foi isso que eu disse pra ela, que cada vez que Manuela faz algo, coisas daquelas que todo e qualquer bebê faz, para mim é motivo de uma felicidade inexplicável, aquela perseguida felicidade verdadeira, a que ninguém nos tira... E cada detalhe dela faz cada minuto de cansaço valer muito à pena!
Amar muito a minha filha é o mínimo que posso fazer por ela, diante de tudo que sua existência por si só já realiza em mim!
Beijos.
